Pesquisar este blog

domingo, 29 de agosto de 2010

Vitrines de Carol


"Cansei do meu ser mais uma vez! Cansei de tudo e de todos! Os sentimentos não são o que há de melhor em mim, são o que há de pior! São horríveis! Odeio este meu coração que carrego, este meu coração que nunca escolhe por quem se apaixonar, este ser que levo dentro de mim e que tanto odeio!


Eu quero apenas chorar toda a minha mágoa, quero sair depois e beber tudo que ver pela frente, quero sair carregada nos braços de alguém que me aguente, e que depois me escute e entenda todos os meu lamentos! Odeio o amor, odeio sentir o amor, nunca mais vou amar alguém!"

-

E seus pensamentos tristonhos lhe tomaram até poucos minutos antes do clarear, quando finalmente conseguiu dormir, depois de jorrar todas as suas lágrimas de um amor que virou ódio. Mais uma vitrine foi quebrada.

-

Carol,
minha pequena, minha menina,
esqueça das suas dores,
esqueça dos seus amores
e venha curtir a vida.
Venha quebrar mais vitrines,
venha confirmar as verdades que todos lhe dizem,
venha provar a si mesma o quanto há dentro de você de fortaleza.
Venha Carol, venha mostrar seu poder e sua força de querer.



Carol, minha criança,
não cegue seus olhos pelo o seu ser.
Ainda há muito de melhor em você,
ainda há muito à desvendar.
Tire suas vendas Carol!
Olhe! Olhe para o sol,
aquele sol do final da tarde
é o mesmo sol do início do dia.
Entenda, pequena Carolina,
as pessoas nunca vão lhe compreender
nem lhe entender por inteiro.
Não há nada tão perfeito
que possa ser dito e feito
de acordo com nossas vontades e desejos.


Carolina, olhe para as rosas
elas tem várias cores.
Elas também tem vários espinhos.
Observe que por trás da sua beleza há também o disfarce da maldade.
Note, Carol, que todos somos assim,
como rosas.
Carol, pequena, serena,
conforme-se com a realidade,
não voe tanto pelas nuvens.
Entenda, Carol, que você é diferente
você voou muito longe da gente
e retornar para este estado decadente
dói muito.



Carolina, quebre mais vitrines
mas não se parta, não se destrua.
Simplesmente aprenda com a ruptura
e entenda os sentimentos inversos aos seus.
Compreenda, anjo luminoso,
que seu coração ainda é jovem e carinhoso
e precisa de muita atenção.


Carolina, pequena, meiga
quebre as vitrines
que discordam do que há nas suas veias
e entenda seus defeitos.
Abra seus olhos e olhe o espelho que te reflete
ele é você Carol,
você invertida.
Olhe bem para ele
e tire do seu inverso
aquilo que pode ser melhor.


Carolina, troque estes cacos
que estão dentro de você
por uma vitrine metafísica,
onde você possa sair dessa cavernas de sombras
e correr livremente em direção à sua realidade.
Carolina, por favor,
tire este espelho
e troque pela sua vitrine.



Para Carol Oliveira, a minha acerolinha, a menina das vitrines, a mestra. ;)


MarinaV.

sábado, 28 de agosto de 2010

Revolucionária



Ela não é apenas uma qualquer que caminha por aí querendo fazer a diferença. Ela simplesmente é aquela que FAZ a diferença. E sabe muito bem disso.






Na sua cabeça, tudo tem que ser certo e radical. Não radical no sentido de mudar bruscamente, mas no sentido de melhorar rapidamente. Na sua cabeça, as pessoas tem que votar em candidatos que elas confiem e achem corretos, não em candidatos que lhes favoreçam; na sua cabeça, homens gostam de mulheres difíceis, não daquelas que ficam nas esquinas rodando a bolsinha; na sua cabeça, passar no vestibular é tudo o que lhe resta; na sua cabeça, brigar com alguém da família e ficar de mal é errado e pode se tornar um erro mais grave.






Ela é ainda a criança meiga que sempre existiu ali, que ainda acredita no melhor do ser humano, que ainda acredita na capacidade de mudar do mundo, que ainda acredita no lado bom das pessoas, que ainda acredita na não-corrupção, que ainda acredita no potencial que toda mulher tem para ser mãe, que ainda acredita que seu jeito de bater o pé e discordar daquilo que não lhe convence vai fazer com que todos ao seu redor escutem as suas ideias e vejam o mundo como ela.






Ela já é a mulher brilhante que vejo no futuro. A mulher que vai lutar por aquilo que quer, que vai fazer a diferença em todos os setores da sua vida, que vai ser uma boa mãe - e um bom pai - se for necessário, que vai falar o que pensa, que vai opinar, que vai discutir e que vai revolucionar. Porque assim é sua personalidade. Revolucionária.






Apenas uma mulher que quer ser notada pelo o que é, pelo o que pensa e, acima de tudo, pelo o que sente. Porque sua cabeça é o que ela fala, e suas atitudes é o que o seu coração segue. Suas brincadeiras tentam esconder e ao mesmo tempo revelar o quanto o seu ser é humado e puro. O seu ser faz a diferença, é a diferença. O seu ser é revolucionário.



Para Gabriela de Almeida Furtado, a amiga revolucionária que salva o meu cotidiano com os nossos papos cabeça e as suas revoltas xD~

MarinaV.

domingo, 22 de agosto de 2010

Irmão


Me vejo, continuamente, pegando o celular e mandando mensagens para o dito cujo. Ou simplesmente correndo pro Msn e rezando para que o computador ligue rápido.

Eu tenho necessidade de contar para ele o que aconteceu comigo durante o dia. Necessidade. Necessito também ouvir as palavras de conforto dele, ouvir as loucuras dele e rir. É tão bom quando ele me faz rir...!

Eu me sinto mal quando não posso falar algum segredo para ele. Me sinto péssima em passar um simples dia sem ele. E adoro quando todo o meu tempo é dedicado apenas para contar minhas história diárias à ele.

Se eu o amo? Sim, amo muito o meu irmão.

Para o Danilo, ossinho, Dandanzinho mais amado do mundo ;**

MarinaV.

Amigos?


E finalmente agora, depois de tanto tempo, eu consigo olhar para trás sem fechar os olhos ao nosso passado. Eu consigo pensar em você sem sentir o vazio subindo e me tomando por dentro. Eu consigo entender os tantos por quês que tinham na minha cabeça e que agora não fazem mais sentido. Agora, finalmente compreendo.

Quando tudo acaba, e o fim nos incomoda, temos a mania de discordar de que o final pode ser bom, pode ser um novo começo, pode ser uma nova oportunidade, pode ser uma nova aventura, pode ser um novo horizonte. Afogamos essas ideias e ressaltamos aquelas que mais doem. Não deveria ser assim.

À mim, não resta mais nada além de um recomeço da nossa amizade. Basta você querer também e eu serei sua amiga. Porque agora entendo o quanto o fim é bom. O fim... É maravilhoso!

MarinaV.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

45%


Eu não vi, mas ouvi meu professor de literatura, Alex Romero, lendo um jornal em sala de aula, um jornal que não passou pelas minhas mãos. Não quero sujar minhas mãos com esse número tão vergonhoso e tão crítico. Ele leu em alto e bom tom para os quase 30 alunos da sala ouvirem perfeitamente, que 45% DOS JOVENS BRASILEIROS NÃO LEEM SEQUER UM LIVRO POR ANO. A essa naçãozinha de nacionalistas hipócritas, que há poucos dias estava gritando que amava o seu país, que dava tudo para o seu país na copa, não demonstrou nenhum tipo de revolta com relação a esse número. Claro que o fato de termos sido o oitavo melhor país do mundo em futebol revoltou a todos, mas 45% dos jovens brasileiros sem ler um livro é normal. Virou normalidade.

Já tinha visto casos um tanto absurdos na minha vida. Mas nunca tinha visto um caso tão absurdo como este, da pessoa se matar por dentro, se deteriorar, se destruir aos poucos. Sim, se destruir. Afinal de contas, para quê uma pessoa sem leitura serve no mercado de trabalho? Qual o impacto que uma pessoa sem leitura causa nos outros? Qual a função de um ser que lê pouco e não construiu caráter, habilidade, compreensão e, principalmente, inteligência? Claro que são casos absurdos o de matar a própria filha (Nardoni), o de matar a namorada para não pagar pensão (goleiro Bruno), o de matar a filha da mulher a não sei quantas facadas e estuprá-la (caso aqui de Teresina)... São todos casos absurdos. Mas nunca tinha visto toda uma nação se destruir conjuntamente e se deixar levar pela burrice como a nossa.

O que nós brasileiros estamos pensando disso? Estamos esperando que o nosso candidato não nos enrole? Não seja corrupto? Não roube, não engane, não cometa crimes? Para mim um canditado analfabeto, corrupto e criminoso seria o melhor representante do nosso país. Nós nos corrompemos de cedo, na hora da pesca da prova, o que futuramente nos levará a um desinteresse pelo estudo e ao pré-vestibular, e depois a uma faculdade particular. "Dinheiro compra tudo".

Precisamos parar de ser esse povo medíocre que se conforma com o mínimo. Nós podemos mais. Muito mais. Nossa lábia de sem vergonha poderia servir não para abandonar os livros, mas para abraçá-los e conseguirmos ganhar a vida com discursos magníficos, não roubando qualquer coisa por aí. Eu acredito que poderíamos ser mais. Ainda acredito que um dia formaremos uma nação de seres mais humanos, de seres mais puros, de seres mais exemplares para os outros países. Na situação que estamos, somos um exemplo do que um caráter tão vagabundo trás ao nosso país.

Por que amamos tanto a nossa pátria na hora do futebol, na hora das olimpíadas, mas a ignoramos tanto na hora de ler e de escrever? Por que não usamos nossa lógica de que tudo é simples para estudar, para aprender, e não para roubar, matar, furar fila e desviar verbas? Por que nos conformamos tanto com o médio e não pensamos mais na nossa capacidade de ir além?

Sei que Machado de Assis não é tão fácil de interpretar, mas se valorizamos tanto a nossa pátria, por que não valorizamos o que é nosso? Por que nossos olhos não brilham mais ao lermos Carlos Drummond de Andrade? Por que não admiramos mais o Fernando Sabino? Por que as crianças não leem mais Manuel Bandeira e Monteiro Lobato? Por que não paramos mais para observar nosso cotidiano com as crônicas de Arnaldo Jabour e Luís Fernando Veríssimo? Por que gritamos para as telas de Crepúsculo e não gritamos para o melhor filme brasileiro, O Auto da Compadecida?

De tudo, o que fica mais claro é a mensagem do meu professor ao final da leitura: "O livro não sai perdendo nada com isso".


MarinaV.

sábado, 14 de agosto de 2010

Ainda não passou


Passa o tempo, passa o ano, passa o mês. Passa a hora, o minuto e o segundo. Tudo quanto era de tempo passou. E eu me iludi com a ideia errônea de que o tempo tudo cura, tudo passa. Mas você não passou para mim.

Você continua sendo quem eu penso quando abro os olhos. Continua sendo quem eu penso quando olho fixamente para o telefone. Continua sendo quem eu penso quando estou feliz e quero alguém para dividir minha alegria. Continua sendo simplesmente quem eu penso. E eu iludo meus sentimentos achando que você me esqueceu, que você me deixou, que você já não existe mais para mim. Mas eu não te esqueci, não te deixei.

Eu apaguei as fotos, apaguei os textos, enterrei todas as lembranças concretas do que ocorreu, mas não apago as abstratas. Elas me acompanham naquela minha pausa para tomar um café no trabalho, ou quando estou debaixo do chuveiro lavando meu rosto.

Aquelas rosas murcharam. Estão ali no canto. Minhas unhas estão por fazer. Meu cabelo está natural. Minha maquiagem está na gaveta lateral do armário, talvez com alguma poeira. Meus saltos eu doei para alguém que estivesse com algum motivo maior que o meu para usá-los.

E mesmo que todo final da tarde de um domingo me preencha com a vontade de invadir a tua casa e deixá-la em cinzas, meu outro lado tem vontade de te encontrar numa segunda-feira na beira da praia, após o trabalho, para passearmos abraçados por aí apenas rindo do quanto é bom amar.


É difícil admitir o quanto acabou. E ainda vejo lembranças todos os dias, ainda tenho notícias suas e o meu vínculo indireto com você está longe de ser desfeito. Muito longe.


MarinaV.

domingo, 1 de agosto de 2010

Anúncios


Primeiro anúncio:
Saiu de moda. Porque todo mundo já sabe. O povo gosta é da desgraça nova, não da velha. Mas não custa nada relembrar dele. O famoso aquecimento global. O mundo tá se acabando porque não nos contentamos em destruir apenas o que tá no chão e passamos a destruir também a camada de ozônio. E a sua destruição facilita a entrada de raios solares, porém estes ficam bloqueados para sair da Terra, aquecendo-a mais do que o necessário. O mundo tá derretendo. Mas isso não importa. O que importa é usar bolsas da DolceGabanna, óculos escuros da Calvin Klein e roupas da Prada.
Segundo anúncio:
Diz respeito ao Brasil. Mas acho que os brasileiros ainda não se tocaram. Uma das maiores fontes de cura do planeta tem sido destruída por norte americanos, não pelos próprios donos. Ela serve para produção de remédios que ainda serão testados nas pessoas, que são rebolados por aqui mesmo, pelo Brasil. É um patrimônio nosso, mas ninguém se importa. Afinal, que coisa mais brega essa, de valorizar o que tem... Bom é o que é dos outros.
Terceiro anúncio:
Poluição. De todos os tipos. Causa danos à saúde. Mas pra quê saúde, se tudo se compra? O dinheiro compra tudo, o dinheiro é sinônimo de felicidade e quem tem dinheiro tem tudo. A poluição é apenas um problema de quinta que incomoda aqueles alagados, quando tem enchentes, que incomoda quem mora perto dela e que incomoda aquelas pessoas que não tem sons no seu carro. Quase ninguém, no final das contas.
Quarto anúnio:
Preconceito. Fora de moda? Claro que tá! Afinal ninguém mais chama ninguém de negro, fizeram até umas cotas pros coitadinhos, assim como também fizeram umas cotinhas para esse povinho das escolas públicas, porque afinal de contas, melhorar o ensino é algo impossível. Tudo se paga. E ensino bom é aquele que é pago.
Quinto anúncio:
Todo mundo precisa se globalizar hoje, afinal de contas, a internet tá aí pra isso. Pra você saber que dia vai ser o show do Restart, que dia vai ter aquela balada lá na boate, que dia vai começar o BBB. Essas notícias de política são muito caretas e entediantes, pra quê saber disso?
Sexto anúncio:
Bom mesmo é sair pras festas e pegar todos. Sentimentos são coisas velhas, ninguém mais precisa disso não! O negócio agora é só de ficar, ficar e ficar. Apenas beijar na boca de um qualquerzinho aí que seja bonito, não precisa saber o nome não, e pronto. Realizar-se fisicamente. Porque, afinal de contas, sentimento é uma coisa de moda antiga. O que importa é o dinheiro. Por dinheiro, eu vendo até minha mãe na feira.
Sétimo anúncio:
Revolta? Corre que deu a louca! Quem é que vai fazer revolta, minha gente? Todo mundo se conforma com o que tem que tá muito melhor, afinal, a paz é sempre melhor. Pra quê reclamar de impostos, de filas grandes, de injustiças? Deixa que as autoridades resolvem.

Meu comentário:
Quer saber? Vou esperar por 2012 mesmo, vou ficar calada. Não entendo a decadência do ponto ao qual chegamos. Talvez a realidade cause tanta dor que cegamos os nossos olhos de propósito e fingimos que ela não existe. Mas o ser humano anda muito desumano. Chegamos ao ponto de sermos governados pelo dinheiro, abdicarmos dos nossos sentimentos e acima de tudo perder a liberdade de expressão.
Parabéns para nós, humanos. Conseguimos nossa maior proeza. Destruímos a nossa vida, o mundo e a nossa capacidade de pensar.

MarinaV.