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quarta-feira, 17 de março de 2010

Entrega ao Amor ou Única sensação


São cordas atadas. Minhas mãos... Não consigo movê-las na direção que quero. Obedecem comando que já não mais compreendo. Minha cabeça... Ai, minha cabeça! Ela dói sim! Não me lembro qual pancada levei, mas a sensação doeu tanto... Como dói.
A água me puxa. Ela quer me levar ao fundo... Mas já me avisaram que estou deitada no chão! Será tudo isso coisa da minha cabeça? Não, não pode ser. Eu a sinto. Ela me chama, quer me levar, quer me mostrar como estou enganada. E eu me recuso a ir, porque vendo meus olhos, quero fugir do inevitável.
Fecho os olhos. Tento afastar meu pensamento da dor. Mas sinto as lágrimas escapando. Meu Deus, pra quê chorar por besteira? Tudo acontece assim mesmo, sempre é assim. Não, isso acontece apenas uma vez. Uma única vez e eu desperdiço, ou melhor, pareço querer desperdiçar.
As lembranças são boas, mas a sensação do ar faltando... Ela também é boa. Do meu rosto avermelhado, do calor... Como fazia calor! As mãos desordenadas me escapando, os cabelos macios, os dentes, os lábios e mais nada. As lágrimas aumentam. Inexplicavelmente um sorriso sai. Apesar da dor, a lembraça é boa. Ficar sem ar também é bom.
Não consigo mais me conter, elas me dão forças pra me levantar. Basta ignorar a dor. Não vai mais partir. É meu agora. Tudo é meu. Deixo o momento dominar e me entrego.

Mãos descoordenadas, cabelos macios e beijos. Longos beijos.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Agradecimentos de 2009

Foram 11 anos de Dom Barreto. Podem achar que eu odeio o colégio pelo fato de estar saindo dele agora, mas não tenho nada contra a instituição. Como eu posso ter raiva de um lugar em que eu fui praticamente criada? Como posso ter raiva de um lugar em que conheci as pessoas essenciais da minha vida? Como posso ter raiva de um lugar que me ensinou a ser humana, a ser educada, a ser culta e muito mais? Não, eu não tenho raiva do IDB. Estou saindo de lá por uma questão simples, pelo fato de ter saturado a carga horária e por achar que não aguentaria o ensino médio. São justificativas simples.
Peço desculpas a todos os meus amigos, sei que tem muita gente revoltada com o fato de eu ter saído, mas acreditem, vocês vão conseguir sobreviver sem mim. Quero que vocês saibam que será mais do que estranho passar o recreio sem vocês, não ver mais vocês todos os dias, receber dezenas de abraços por dia, ouvir mil desabafos ou desabafar mil vezes. Vou sentir falta dos nossos risos, das nossas besteiras, das nossas conversas e até das nossas brigas. Acreditem, será mais do que difícil pra mim seguir meu rumo sem as pessoas que me apoiam desde o início.
Agradeço aos grandes mestres que estiveram presentes nesse longo caminho comigo, principalmente aos professores da oitava série que, com toda a certeza, foram os melhores professores que eu já tive. Professores que cansaram de ver minhas notas baixas, mas que não cansaram de me incentivar a não desistir. Vocês são verdadeiros herois e ficaram na minha memória não apenas como os meus últimos professores no IDB, mas também como os professores que mais acreditaram em mim. Peço desculpas à vocês pela aluna que fui, pelas minhas notas baixas, por ter pensado em desistir de mim. Sem a grande ajuda de vocês não teria chegado aqui aonde cheguei e não teria me tornado o ser íntegro e completo que sou hoje. Meus sinceros agradecimentos.
Aos funcionários do IDB, à todos, agradeço por todos os anos de felicidade. A maioria eu não conheço, posso até cumprimentar, mas não sei dizer qual o nome. Mas os que tive o prazer de conhecer, como a Tia Cléo, a Tia Sandrinha, a Tia Espedita e várias outras pessoas, eu só tenho a agradecer. Vocês também me apoiaram nas horas de choro.
Agora, fazendo um agradecimento direto, quero agradecer:

Primeiramente, à minha Isadora, a minha negona mais linda, por ter aturado meu complexo de inferioridade, por ter inúmeras vezes deixado eu chorar no seu ombro, por ter me apoiado, por suportar todas as histórias que eu tinha pra contar do Bruno, por aturar minhas variações de humor com toda a paciência possível, por me levar pra sua casa para me ajudar em Química. Minha Isinha, muito obrigada. Não sei o que vai ser de mim sem te ver todo dia nesse ano;

depois, obviamente, à Bruna, a cobra, como diz o Bruno, que também me suportou muito. Quantos favores tu fez pra mim nesse ano? Quantas chatices minhas tu aguentou? E quantas alegrias tu me trouxe? Sinceramente Bruna, é muita cara de pau minha dizer apenas obrigado, por que eu devo muito mais desculpas do que gratidão. Se não fosse por você, muita coisa não teria acontecido. Me desculpa por todas as mágoas. E muito obrigada, por tudo.

Fora da escola, devo muita coisa à várias pessoas também. Ao Danilo, por ter me apoiado DEMAIS nesse ano, por ter se preocupado à toa comigo inúmeras vezes e ainda por cima me aturar sem reclamar, apenas cuidando de mim a uma longa distância. Ao Bruno, por ter me acompanhado durante quatro longos meses, por ter me ajudado e por toda paciência que teve comigo, pelo carinho e pelo amor e também pela amizade. Só tenho que te agradecer. Agradeço à minha mãe, por ter me dado apoio. Agradeço à Tia Alice, por me aturar inúmeras vezes na sua casa. E agradeço a todos, todos aqueles que estiveram ao meu redor torcendo pelo meu melhor. Muito obrigada gente. De verdade.

MarinaV.

Relato de um morto


Concluo, ao final de um ato de vida, partindo para a eternidade de alma, que a Morte não é apenas a ausência de vida. Depois de anos seguindo a essa ideia errônea, relato, agora, que a morte nada mais é um terminal da vida, uma reflexão de tudo que você fez.
Desde que tive conhecimento da Morte, tive medo do meu enterro. Sempre quis saber se o meu nome seria apagado após a minha Morte. Mas é algo tão patético e tão idiota, que a resposta é óbvia para os olhos dos que pensam. Respondi a essa minha dúvida com uma pergunta do coração: você esquece de quem você ama? Obviamente, a resposta é não. E quando você morre, o amor continua existindo, e acredite, no seu enterro e no seu velório estarão presentes pessoas que você nunca viu, e até pessoas que você duvidava da presença.
Eu, como defunto e após essa experiência marcante que é a Morte, posso muito bem explicar a vocês, caros leitores, o por quê de um medo tão inútil. Sim, inútil, afinal de contas, a Morte ninguém evita, é natural, é a sua única certeza durante toda uma vida, é algo que nós podemos modificar apenas antecipando ou adiando, nunca evitando ou fugindo dela. Voltando à explicação do medo, o homem só tem medo de duas coisas na vida, resumindo tudo: da Morte e do desconhecido. Como a morte é algo que quem está vivo desconhece, logicamente ela nem deveria ser separada da categoria "desconhecido". Mas nós separamos. Porque a Morte marca a sua vida, ou melhor, o final da sua vida. E é justamente por esse fato que tememos a ela, porque ela "acaba" com a nossa vida.
E porque pensamos assim? Porque achamos que ela "acaba" com a nossa vida?
Resposta óbvia também. O ser humano é um ser constituído de alma e corpo. A alma é o que podemos preservar para sempre, é o que temos de definitivamente bonito (ou apavorante, depende da pessoa). O corpo é aquilo que nós valorizamos pra nada, é aquilo responsável por nosso materialismo. Quando pensamos na Morte, imaginamos nosso corpo sendo inutilizado. E esse é um dos motivos do nosso medo. Também pensando na Morte, podemos pensar no quanto é ruim deixar de respirar, deixar de ter esse sopro maravilhoso que é a vida; podemos pensar no quanto será ruim deixar de sentir o prazer das coisas. Mas raciocine, pense bem, e você verá que esses prazeres nossa alma guarda, e já é de muita alegria carregarmos na alma boas lembranças. Isso é que faz com que ela seja leve, seja limpa, e é isso que nós carregamos por toda a eternidade. A lembrança de que um dia vivemos, que um dia respiramos, que um dia amamos e que nossa alma é a lembrança do bom da vida.
Caro leitor, durante toda uma vida, TODA UMA VIDA, o homem perde tempo refletindo sobre como vai morrer, o que vai acontecer no pós-morte, o que será do seu corpo, da sua alma, da sua família. Eu aconselho apenas isso: VIVAM! Não temam a Morte, simplesmente vivam. Um dia ela vai chegar, vai bater a sua porta quando você menos esperar, e de nada vai adiantar fazer as malas de última hora, tentar se despedir de alguém ou pedir desculpas. Para a Morte, você só possui alma. Nada mais do que isso. A sua alma é o reflexo das suas ações na vida, e cabe apenas a você viver bem a vida para constituir bem a sua alma.
Portanto, aqui ficam os dizeres deste morto que muito se arrepende de não poder ter seguido tais regras na vida: se você ama alguém, diga a essa(s) pessoa(s) todos os dias o quanto você ama ela(s), mostre o seu valor por ela(s); não deixe de se arriscar nas coisas por medo - às vezes, só temos uma chance de fazer aquilo, e perdemos uma grande oportunidade; faça aquilo que você tem vontade, nunca deixe que o estresse, o trabalho ou a falta de tempo lhe impeça de fazer algo, lembre-se que o tempo vai faltar futuramente, no encontro final da sua vida; "NUNCA deixe pra fazer depois aquilo que você pode fazer agora", um clichê que, se você não seguir, no seu encontro com a nossa querida amiga Morte, vai ter um grande peso de arrependimento.
Qual a imagem da Morte? Qual a melhor forma de morrer? E quando alguém muito próximo se vai, o que devemos fazer?
Leitor, não se abata com as barreiras da vida. A vida é para os fortes. "Ninguém vai bater mais forte do que a vida. Não importa como você bate e sim o quanto aguenta apanhar e continuar lutando, o quanto pode suportar e seguir em frente. É assim que se ganha", já dizia Sylvester Stallone. Não existe melhor forma de morrer. Em todas elas, a Morte será calma, doce e afável, lhe terá nos braços como a um filho e cuidará de você para evitar sofrimentos e rancores. A imagem da Morte? Como fez Macus Suzak em "A menina que roubava livros", "vá em um espelho e você descobrirá" qual a imagem da Morte.
Finalizo este texto, leitor, ressaltando a frase do querido Raul Seixas, um homem que, pode-se dizer, não teve medo da Morte: "A morte surda caminha ao meu lado e eu não sei em que rua ou esquina ela irá me beijar". Leitores, boa vida à vocês.


MarinaV. - 5 de dezembro de 2010.

A vida da morte


Era final de uma tarde como ela mesma dissera há alguns anos. A cena era desconfortante. Nos corredores do hospital, enfermeiras chorando, ou cansadas, desiludidas. Na sala, bem pior. A família chorava. O médico explicava que fizera de tudo, tentara todas as técnicas, que mesmo com os sinais de melhoras aquilo acontecera, o agravamento do câncer. Porém, ela ficava apenas sentada na cadeira, sem sinais de tristeza. Se lembrava bem das palavras da avó no dia anterior, que incrivelmente estava apenas algumas horas atrás daquele instante. "É tão estranha essa minha melhora..." dissera sua avó. Apenas um sinal. Nada de melhora. Também se lembrava do que foi dito bem antes da doença, que a avó previra que morreria no final de uma tarde chuvosa e que também morreria calmamente, "no silêncio do sono", como ela dissera.
Vovó era uma pessoa maravilhosa. Sempre sorria. Sempre. Em velórios dizia que não gostava de choro. Se a pessoa que tivesse morrido estivesse viva não gostaria de ver os outros chorando por ela, gente até que não era próxima. Ela pensava assim. Mas não era isso que estava acontecendo na sua morte. Todos gostavam de vovó. Realmente foi uma perda grande. Todos choravam e lamentavam a sua morte. Todos, com excessão de uma menininha sentada em uma cadeira que balançava sua pernas. Tristeza? Ela não estava triste. Enfim chegou mamãe dizendo que precisam ir.
No carro, mamãe encontrava maneiras de dizer à uma criança de 4 anos que a sua avó morreu, que não voltaria mais. Tentava lutar contra as lágrimas, imaginando o que sua mãe, que acabara de morrer, faria ou diria no seu lugar. Mas ela se supreendeu. Quem tirou o próprio silêncio foi a criança, a menina sem tristeza.
- Vovó dizia que não queria ninguém chorando na morte dela. A própria filha dela quebrou o seu desejo. Não devia estar chorando mamãe...
A mãe tentou se recuperar do golpe. As lembraças da mãe lhe fazia mal. As frases. Os momentos de ajuda. De repente é como se tudo rodasse dentro de sua cabeça. Acho que você consegue imaginar o que quero dizer. Os flashes. Desde à infância até o que ela acabara de ver, o corpo da mãe morto, sem sua respiração acalmante. Pode parecer loucura, mas sua mãe a acalmava até nisso. Era incrível. Então ela começou a chorar mais. Parou o carro num canto e desabou. A filha, nesse momento olhou pra ela. Focou-a. E novamente falou...
- Mamãe, uma hora dessas vovó estaria revoltada.
A mãe não aguentou, sua filha não poderia deixar ela chorar em paz?
- Chega! A sua avó morreu!! Ela não tá aqui e eu vou chorar o tanto que eu quiser!
A menininha, calmamente, chegou perto da mãe, passou para o banco da frente e respondeu sem revoltas:
- Deve ser chato perder uma mãe. Ainda mais uma mãe como a vovó, que deveria ser uma das melhores do mundo. Mas a vovó mesmo dizia que ninguém morre. Todos vivem. Eternamente vivem. Ela dizia que todos nós temos amor. Cativamos as pessoas ao nosso redor com esse nosso amor. E elas vão se constituindo com o nosso amor. Eu e você temos muito do amor de vovó. Então ela não morreu. Ela está aqui. Dentro do meu e do seu coração. Ela não morreu mamãe. Ela está agora querendo enxugar suas lágrimas e a senhora não deixa.
A mãe, impressionada com o que a menina disse, por algum motivo conseguiu parar de chorar. Incrível. Ela conseguia sentir sua mãe ali, do seu lado, dizendo que não precisava choro. Que ela era uma pessoa forte, sempre foi, então não precisava desabar por causa de uma perda. A mãe enxugou as lágrimas, ligou o carro e continuou o trajeto para casa.
A menina, assim que entrou no seu quarto, pegou as fotos da avó. Todas que ela tinha. Tirou as fotos suas que tinha no seu mural, desfez tudo, colocou as da avó e contou quantas fotos tinha no total. Depois pediu que o irmão mais velho a ajudasse a fazer as frases que ela gostaria de colocar abaixo das fotos. Mas o irmão também estava chorando, desgastado com a morte da avó. Também brigou com a irmã. Empurrou-a e trancou-se no quarto. A menina foi forçada a desistir porque tinha que se arrumar para o velório da avó.
Todos estavam de preto, fardados com a mesma máscara de tristeza, indo para o velório de uma pessoa que detestava velórios. Mas novamente tenho a nossa ovelhinha negra, uma menina de 4 anos que amava demais a avó para quebrar seus desejos tantas vezes pedidos. Ela levou mini rosas brancas para a avó, as que esta própria mais gostava. A menina veio no carro ao lado do irmão.
- Você ainda está com raiva de mim?
- Eu não estou com raiva de você. Desculpa pelo o que eu fiz.
Então ele abraçou ela, e ela também o abraçou com força, afinal amava o irmão. Ele prometeu que quando chegasse em casa iria fazer as frases e colocar no mural de fotos da avó.
No velório, após colocar as flores no caixão da avó e lhe dar um beijo no rosto, a menina saiu e foi correr no canteiro de flores que havia no cemitério. Ela se sentou no banco. Logo depois chegou o irmão. Bem mais velho do que ela, o irmão já não chorava mais. Estava esgotado, tinha ajudado a mãe a enfrentar todos os conflitos para simplesmente se enterrar uma pessoa. Nesse mundo nem morrer sem dar trabalhos podemos mais. Abraçou a irmã. Ela lhe deu um beijo no rosto. E quebrou o silêncio.
- A vovó vai fazer falta pra gente. Apenas falta de corpo.
O irmão, sem entender, perguntou o que siginificava aquilo. Sua voz entregava o seu cansaço, seus olhos meio avermelhados e baixos mostravam a tarde estressante e as lágrimas que ele havia chorado. Mesmo assim, a irmã achava ele lindo. Sempre se gabou de ter um irmão tão lindo e fofo como ele, que sempre a tratava bem e que a amava.
- Tome cuidado com o que fala. Muito cuidado mesmo. A vovó não vai fazer falta apenas de corpo.
- Pra mim, sim - respondeu a menina - apenas de corpo. O amor dela, os seus ensinamentos, as suas frases, tudo está guardado em mim. Eu não deixei morrer isso, mas muita gente pensa que quando uma pessoa morre se vai pra sempre. A vovó dizia que não. Ela falou isso pra você ontem até. Quando estávamos no hospital.
- Você sempre surpreende a gente, Mah. Você tem uma mente mais avançada do que a minha e sempre me faz acreditar que a minha infância e inocência nunca vai morrer. Eu te amo, Mah! Muito!
E abraçou a irmã com tanta força que ela pediu pra ele soltá-la, tava prendendo a sua respiração.
A mãe e o irmão retornaram para a casa felizes. Com a avó no coração. E a meninha, bom, a avó já estava no coração dela.

MarinaV.

Teoria do Ócio


A mente humana é algo brilhante, mas também deplorável. Tudo bem, podem dizer que eu sou pessimista, mas não neguem: a nossa mente voa, flutua, boia e raramente pensa.

Quantas vezes você já se viu sentado em frente à TV, assistindo algum seriado e, do nada, simplesmente se lembra que existem coisas mais importantes à fazer. E você vai fazer? Às vezes nunca faz. A isto denominamos de ócio.

O que eu quero dizer, resumindo, é que nós, humanos, com polegares opositores e uma mente altamente brilhante e racional, somo ociosos por natureza. Nos distraímos fácil, ou nos deixamos distrair facilmente. E isso é algo triste, já que perdemos minutos (e até horas) da nossa vida fazendo coisas inúteis, coisas que não possuem finalidade nenhuma, a não ser a de esfregar na sua cara que você é um idiota.

Por favor, não me levem à mal, podem me criticar, aceito todas as críticas, mas nada mais explica a existência do BBB além desta Teoria do Ócio.

Explicando empiricamente o processo, levando bem pro lado matémático-científico, sem fórmulas, o ócio nos impulsiona a assistir algo tão deprimente como o BBB. Primeiramente, nós nos vemos à noite, depois de um longo dia de estudante, trabalhador ou vagabundo, sem ter nada à fazer, além de descansar e dormir. Porém, em alguns casos, o sono não vem de imediato, e nós, caçadores do "nada pra fazer", vamos para a televisão procurar "algo pra fazer" e nos distrairmos para esquecermos, temporariamente, que existe uma vida com problemas, obrigações e cheia de lutas capitalistas.

Ligando a televisão, nos deparamos com as distrações mais repugnantes que podem existir, como as novelas, o BBB, os jornais entre diversas outras coisas. Tirando os jornais - que servem para nos informas das desgraças do mundo - o resto de nada serve. Mas mesmo assim permanecemos ali, cara-a-cara com a TV, sentindo prazer em observar a vida alheia, em ver o drama da novela (que narra sempre a mesma historinha abusiva, sempre a mesma fita sendo reboninada diversas vezes), concentrando-nos na ociosidade da noite.

Claro que esse maravilhoso ócio da noite nos ajuda muito. Alivia o nosso estresse, nos deixa com sono, nos distrai temporariamente do mundo... E assim seguimos, como seres que tentam fugir da dura realidade da vida. De certa forma, o ócio é bom. Não quero criticar programinhas fúteis como o BBB e as novelas. Cada um ali está, também, no mesmo mundo capitalista que eu estou e acharam aquela forma completamente imbecil de ganhar a vida. Mais imbecil de quem fez/faz o BBB é quem assiste, quem perde preciossos minutos da sua vida assistindo algo tão inútil.

O que quero alertar, quero gritar e se pudesse abriria a cabeça de todo mundo para atentar a essa verdade é que ainda existem livros. A televisão não é o único meio de desfrutar do ócio. E não dói ler. O livro não vai lhe comer, lhe abusar, lhe criticar, lhe usar, lhe enraivecer. O livro vai apenas lhe constituir, como um ser íntegro e intelectual. Afinal de contas, inteligência nunca saiu de moda e sempre faz a diferença. E mesmo que seja um livro que não preste, você ainda assim aprende com ele. Aprende que não deve escrever daquele jeito. Ao menos um proveito você tira de qualquer livro, mas duvido se irá tirar um simples proveito de assistir a novela das oito.

O ócio nos é útil. Mas só depende da gente saber fazê-lo útil.


MarinaV.