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segunda-feira, 27 de junho de 2011

Nosso histórico

Naquele dia, ainda me lembro bem, estava muito triste e desanimada para ir a um aniversário, mas fui. Já tinha chegado até ali, então entrei e fui. Fingi sorrir, fingi alegria, fingi "meus sinceros parabéns". Nunca gostei de aniversários. Talvez seja a festa mais sem lógica que o homem já inventou. As pessoas ficam felizes e comemoram sua velhice. "Ah, mas é pra celebrar mais um ano de vida!" - dizem os mais otimistas. E quem celebra mais um ano de vida, celebra também mais um ano rumo a morte, mais um ano acumulando rugas e cabelos brancos. Isso é motivo de festejo?
Sentei ao seu lado, mas sem prestar muita atenção a você. Aliás, sem prestar atenção a nada. Nada era meu foco. Ouvi as conversas, fiquei calada, sorri, me diverti, mas ainda não estava ali. E então, para forçarem a situação, todos foram pouco a pouco se levantando e se retirando da mesa, nos deixando a sós. Mas, afinal, quem era você? De repente, eu estava sentada ao lado de uma pessoa que tinha acabado de conhecer, ou melhor, que sequer conhecia, e praticamente sendo forçada a conversar com ela. Não me lembro como, mas surgiu um assunto daí. Fiquei mais calma quando vi que a conversa entre a gente fluia como água em rio, em um sentido certo, obedecendo as curvas e sem muita pressa. Muita ingênua, não notei que bem aí começamos a combinar demais. Conversas não surgem fáceis assim, muito menos em uma combinação quase que perfeita, como se fosse sincronizada e planejada.
Ainda não conformados, os "chatos" voltaram lá e forçaram mais ainda a barra: começaram a se beijar na nossa frente. E eu, para não ter que te encarar completamente corada, também te beijei. E não soou forçado. Aliás, não foi forçado. E então, daí tudo caminhou para um complexo contexto que uniria nossos futuros e presentes, nos tornando presentes um para o outro.

"Nunca senti por ninguém o que eu sinto por ti", disse eu poucos dias depois de um beijo. Apenas um beijo e algumas poucas horas de conversa. Foi o que foi necessário para eu me apaixonar por você. E eu chorei com essa frase. Como não? Logo vi que você iria correr de mim, fugiria e nunca mais olharia na minha cara, iria me chamar de louca pros amigos, pois nem uma semana tinha se passado e eu já te amava. Como explicar? Como entender? Como, como, como?
Mas você... Foi surpreendente. Muito mais maduro e sensato do que eu, você já sabia que o amor não se sente nem se compreende, e aceitou tudo como natural. Compreendeu o meu lado incompreensível, soube como me acalmar, e tudo seguiu colaborando para o que eu sentia por você apenas aumentar.

E exatamente uma semana depois que nos conhecemos, você me pediu em namoro. Depois me revelou que teve muito medo do que fez, porque temia que eu não aceitasse. Mas não, tudo caminhou apenas para o "sim". Eu sabia que foi tudo muito rápido, muito cedo, muito apressado, muito corrido, muito arriscado... Cheio de muitos negativos. Mas, bem aqui, dentro de mim, eu sabia que o que construiríamos seria concentro e de fortes alicerces. Eu tinha fé nos nossos sentimentos, e ainda tenho. Mas eu acreditei muito neles desde o começo, assim como você, e acho que tudo isso contribuiu para formar as bases fortes e concretas do nosso namoro.

Todo mês, daí então, celebramos com uma carta. Uma por mês. Em cada carta, dizíamos como tinha sido aquele mês para nós, e fomos evoluindo no nosso relacionamento de uma forma única, como um DNA, que se cruza, que se combina de diversas formas diferentes, mas sem virar bagunça, sem deixar de ser original.
Hoje, formamos um conjunto de seis cartas, caminhando rumo as sete, e como um presente inesperado, quis gravar este texto no meu blog. Sei que já escrevi vários pra ti, mas quero que neste fique guardado as memórias principais da gente e, principalmente, o que senti nelas. Como você sabe, eu sou muito melhor escrevendo do que falando, e aqui acho que poderei clarear mais a sua mente sobre o que penso em cada momento nosso.

Tivemos vários momentos de boas conversas, que serviram para solidificar a nossa intimidade e para nos conhecermos melhor. O primeiro foi no show do Pouca Vogal, em que apenas dois Ices fizeram você me falar tudo o que sentia comigo e o quanto eu fazia diferença na sua vida. Foi um dos dias mais felizes que tive contigo, porque você se declarou de verdade pra mim - sem censuras e sem vergonha - dizendo cada palavra do que você achava de mim, me fazendo sentir-me singular e única. E muito bem amada.
Depois, com as tuas vindas pra cá, veio uma coadjuvante no nosso namoro, que apesar de atrapalhar bastante os nossos melhores beijos, serviu para triplicar os nossos risos e a nossa intimidade. A Helena nos une mais a cada vez que ela chega nos separando ou nos convidando para um jogo. Com ela por perto, voltamos a ser crianças, que ainda somos, e nos revitalizamos: esquecemos das nossas angústias, dos nossos problemas e até mesmo do nosso namoro - ele perde a graça perto da hiperatividade dela. E então, nossos risos são os mais verdadeiros possíveis.
Não posso me esquecer da viagem que fizemos juntos. Dos longos momentos em que eu ficava me balançando na rede, apenas conversando sobre assuntos aleatórios e bem longínquos do cotidiano, enquanto você me ouvia e também compartilhava algumas ideias comigo, além das nossas brincadeiras, da nossa conversa com o senhor que vende bolsas, das loucuras da minha família e da gente cantando Mamonas Assassinas no caminho de Jericoacoara. Foi tudo inesquecível. E mais inesquecível ainda foi em me tocar que mesmo você me vendo todo dia me levantando com um juba, toda desarrumada, sem perfume e sem sorriso, você ainda assim continuou me olhando como sempre, como se eu fosse um troféu. E nessas horas eu concluía que estava namorando com um anjo.
Foram seis meses. Cento e oitenta dias. Quatro mil tresentas e vinte horas. Todo esse tempo com você foi o melhor possível. Na alegria e na tristeza. Na saúde e na doença. E, se você quiser, até que a morte nos separe. Te amo. Para sempre sua,
MarinaV.
Este, mais uma vez, vai para o anjo, que atende por nome Victor, o melhor namorado do mundo. Te amo muito, e é mais que tu xD!

O laço


Para você, entrego o meu laço. Este laço sem cor, apenas branco, que suja fácil, mas que é um laço. O meu laço. Lhe entrego ele. Eu sei que não é um presente de se colecionar, mas acho que você deveria, a partir de agora, aprender tal arte. Os laços são raros... Os verdadeiros laços são raros. Entrego este para você e peço-lhe que cuide bem dele para não deixá-lo romper. Os laços são fáceis, ao mesmo tempo complexos. Eles se enroscam, mas não se enrolam; eles unem suas pontas, mas não as funde; e no final formam algo concreto e firme, mas que basta um puxãozinho e as duas partes se desfazem, cada qual para o seu lado, como se nunca estivessem unidas antes. Os laços não são nós. Eles jamais prendem. Eles unem. Por isso lhe entrego o meu laço. Quero você unido comigo, não preso a mim. Quero apenas que você me ajude a construir e a cuidar desse lado, unindo as nossas partes, nos enroscando, dando uma volta e formando um belo laço. Um laço bem firme, um laço difícil de romper, mas um laço que não precise de nós para manter-se no lugar. E o nosso laço não irá amarrar o cadarço, não irá enfeitar o presente, não irá acompanhar um cartão de festas, não irá servir como fachada. O nosso laço é apenas um laço de namoro. Um laço que nos mostre juntos, unidos e amando um ao outro. O nosso laço.
MarinaV.
Em alusão à O laço e o Abraço, de Mário Quintana. (;

quinta-feira, 23 de junho de 2011

O pior dos "não"


Mais uma vez você não vem. E me disse isso da pior forma possível: do nada. Claro que eu compreendo que existem problemas, que nem tudo depende só da gente. Mas como avisar isso pro meu coração, como avisá-lo? Principalmente depois de você ter me animado, ter me dito que íamos matar a saudade? Como, como ele irá compreender isso?

E hoje não passo disso. Aquele dia chato, entediante e triste. Eu tento rir, tento me distrair, mas no fundo abafo todo o choro que eu gostaria de por pra fora. Queria que você estivesse aqui...

E por apenas um dia é como se eu não existisse. Não é fácil suportar um dia sem lhe ver, mas quando eu sei que não vou lhe ver, é algo aceitável, é algo que o meu cotidiano consegue se amoldar. Mas quando é um anúncio surpresa, quando todas as minhas expectativas do dia se quebram, meu coração se despeça e tenta se remontar no decorrer do dia. Então, eu deixo de existir. Eu olho para tudo, mas vejo o nada. Me torno um vazio, pois você não está aqui.

E por mais que meu consciente saiba de todos os motivos, de todas as razões, meu coração entra de luto e se recusa a dar ouvidos ao mundo. Tudo acabou para ele. E para mim também. Sou puro coração, no final das contas. E como ele é seu, fica difícil sustentá-lo quando você avisa que não vem regá-lo, que não vem olhá-lo nem confortá-lo. Ele se entristece, eu junto com ele, e meu dia passa a ser fútil, inútil. Não existe mais...
MarinaV.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Nostalgia

Olhando bem além do que o que ali estava sendo visto, no fundo algo doía bem profundamente, adentrando o consciente e ultrapassando o subconsciente. Era algo que doía, mas que tinha uma essência úmida e sombria de bom, proveitoso e até saudável. Sentindo o vento no rosto, seus olhos vagueavam para dentro sem desgrudarem do horizonte. Via todas as lembranças que agora gostaria de estar vivendo. Mas no fundo se sabe que tudo vai acontecer melhor.

E então, como previsto, um suspiro é abafado. Sem querer. Tudo ali estava tatuado, cravado e enraizado na mente. Tudo pertencia ao pensamento como se já tivesse nascido ali, para sempre. Talvez o significado profundo sobre o que se sente nesses momentos não seja traduzido. Não com palavras. É aquela curva do pensamento, um momento breve e supreendente que lhe encontra na esquina do corredor do seu trabalho, justamente na hora em que você estava fazendo o relatório. Não se tem explicação.

É um arrepio frio que vai subindo, subindo, subindo... E, quando você abre os olhos com eles já abertos, se vê justamente aquilo que não está se vendo, aquele momento da partida ou da chegada, porque tudo quando parte traz consigo algo, e ao mesmo tempo que se chega, se parte. E você vai se envolvendo em um momento único que não ocorre naquele momento, mas que é seu, só seu, íntimo seu. E que você quer viver naquele hora.

As imagens vão se entrelaçando de tal forma que o trilho da verdade já não é mais perceptível e se jura que tudo está acontecendo de novo. E então você rir para o nada. Pelo menos quem está bem ali no outro escritório pensa ser pro nada. Mas é pra lá que você sorrir. E seu sorriso é tão lindo e puro, seus olhos sorriem com uma estrelha no canto que brilha e que mostra todo o desenho que seu olho vê, mas que ninguém mais enxerga.

Chegam novos e-mails. Novos trabalhos. Novos afazeres. E toda a magia se quebra, o escritório fica tão próximo que parece estranho e inabitável, e tudo fica tão estranhamente estranho que não se entende o que se aconteceu. Tudo voltou ao normal. E é tão chato voltar ao normal...

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Você...


Ainda não entendeu tudo que se passa na minha mente. Ainda não entendeu a gravidade de cada momento só nosso. Ainda não aprendeu o quanto eu gravo e cravo na alma cada detalhe seu. Ainda não percebeu a dimensão do que eu sinto. Ainda não me conheceu o suficiente para ter medo de mim. Ainda não me entende. Ainda não percebeu o que quero dizer com o meu olhar. Ainda não sabe os significados de cada sorriso meu. Ainda não percebeu o quanto eu sou inocente. Ainda não viu meu lado mulher.

Mas eu tenho uma noção mínima do que você está pensando. Eu sei o quanto é bom - e perigoso - está sozinha contigo por um simples segundo. Eu guardo de você tudo que você tem de melhor e pior. Eu sei, tenho plena noção disso, que o que eu sinto simplesmente não tem dimensão. Eu já te conheci sim, o suficiente pra confiar para todo o sempre em você. Eu te entendo. Eu entendo cada olhar seu. E cada sorriso também. E sei também que você não é nem um pouco inocente. E também já conheci um pouco do que você tem de homem.


MarinaV.


Para ele. (;

Papai Noel não existe



Ela chorava, chorava e chorava mais um pouco. Seus soluços eram baixos, mas por dentro algo gritava, um grito alto e ao mesmo tempo abafado, um grito que apenas a sua alma ouvia e que representava toda a dor que ela sentia. Ela descobriu tudo. Então, tudo era uma farsa... Uma mentira de anos e mais anos... Uma mentira que quebrou sua inocência, uma mentira que lhe partiu no meio diversos sonhos, que quebrou a sua magia de Natal.

Durante todos aqueles maravilhosos dias de Natal, era esperou para descobrir como ele era. A figura do bom velhinho. Ela planejava toda vez ficar acordada até o amanhecer e descobrir como ele era, qual era o seu jeito e o que ele faria quando a visse. Porém, esse dia nunca chegou.

Ali, trancada no seu quarto, encolhida dentro do seu guarda-roupa, ela chorava cada lágrima de dor que o impacto da verdade lhe causara. Alguns anos mais tarde, ela refletiria sobre esse dia, iria rir da sua inocência de tanto ter chorado, mas iria concluir o quanto a realidade dói muito em uma criança, e o quanto a realidade é fácil de aceitar para o adulto. Aquele foi seu primeiro pequeno grande passo para a sua mente adulta, mas isso só mais tarde ela iria entender.

Agora ela sofria muito com a verdade. Seu plano foi um triunfo, mas também um fracasso. Seus pais batiam na porta, lhe chamavam... Mas ela ignorava. Agora doía demais, tudo doía demais... A verdade é horrível. É cruel. É escura. É um labirinto que nos prende e do qual nunca mais saímos... É um labirinto que nos mata por dentro e cria essa imagem inútil de gente adulta, de grandeza, de sabedoria, quando os sábios mesmo são as crianças.

A verdade doía. Mas depois que é descoberta, não há mais mentira no mundo que consiga tapar o buraco que ela cria. Ela encostou sua cabeça na porta do guarda roupa, ainda com as lágrimas afogando o seu rosto, e repetiu para si mesma, para se convencer de tudo:

- Ele não existe. Papai Noel não existe...


MarinaV.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Você voltou


E então, finalmente resolveu fazer as pazes comigos. Resolveu tirar todas as minhas desilusões, mas não todos os meus medos. Não importa, pois mesmo assim, você me devolveu a confiança que eu estava precisando, você me fez reencontrar aquilo que há tempos eu procurava, mas não estava encontrando.


Você voltou. O amor retornou para o meu vazio e preencheu todo o vácuo que havia lá. O rancor, eu já não conheço mais. A tristeza deu espaço para a alegria. Eu fico rindo à toa de lembranças das mais diversas, e sei que não é tão à toa assim que eu estou sorrindo. Porque, no fundo, todo o sentido se volta para lhe abrigar novamente, amor. Tudo gira em torno da sua volta, em torno do seu retorno para o meu coração.


E apesar de pensar as mais diversas besteiras, eu sei que você voltou e vai se instalar aqui por um bom tempo. Eu vou lhe abrigar bem desta vez, não vou mais deixar você fugir de mim como antes. Agora eu estou mais confiante.


E então, amor, eu deixo que você me tome. Deixo que você me envolva, que me faça me sentir patética novamente, que faça com que meu coração acelere cada vez mais, que eu me perca em cada abraço, em cada olhar, em cada beijo, em cada sorriso, em cada brincadeira, em cada sensação, que apesar de conhecida, sempre será nova como a primeira vez.


Pode voltar, amor. Eu deixo você se instalar aqui, em mim.


MarinaV.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Intrigas

- Você soube do que ele disse sobre você?
- Ah, mulher, me conta, quero saber!
- Ele disse que te achava uma metida infantil, disse que tu jamais seria mulher pra ele...
- O QUÊ?!!! Rá, rá... Ele é que nunca vai ser homem pra mim, ok, amiga?!
- Amor, como você tá?
- Nem vem com essa hoje, queridinho, que eu já soube que você espalhou pra Deus e o mundo que eu era metida e infantil, e que jamais seria mulher pra você.
- Foi que ela quem falou, não foi? Eu já te disse pra tu não dar bola pra essa menina, que ela é louca! Qual foi o dia em que você decidiu chamar ela de amiga, hein? Com certeza, cê tava surtando...
- Ela também me disse que você acha que eu nunca serei mulher pra você...
- Ah, amor, deixa de besteira. Eu te amo, minha linda, você é mulher demais da conta pra mim!
Beijos e abraços.
- E aí, benzinho? Quando vamos nos encontrar?
- Acabei de deixar ela em casa... Por que diabos tu disse o que eu te falei pra ela, hein? Tá louca? Quer que ela descubra tudo entre a gente, é?!
- Ah, amor, eu quero é que ela saia do meu caminho, você é meu!!
- Tô chegando aí.
Desliga celular.
- Maninha, eu tenho certeza que ele tá saindo com ela. Certeza!!
- Cala a boca, sua idiota! Ele gosta de mim, lógico que ele gosta de mim...
- Olha amiga, eu acho que a sua irmã tava certa no final das contas... Ele realmente tava te traindo.
- E eu fui tão cega e burra por não ter acreditado em todas vocês... Me desculpem.
- Relaxa, amiga, fica calma que já já aparece alguém que realmente te merece.
- Eu larguei ele.
- Aff, né? Depois de ter feito nossa amiga sofrer o que sofreu quando descobriu tudo, tu larga ele? Depois de ter conseguido tudo o que tu queria?
- Ele me traiu.
- Ah, desculpa aí, mas bem pregado pra você, né? O boomerangue uma hora sempre volta.,.
- Com um amigo gay nosso.
- Meus pêsames, amiga.
- Ah, colega, mas que roupa mais down é essa? Parece que tá indo pra um velório! Vamos já trocar esse funeral aí por algo mais up, eu hein...
- Ah, amigo, eu to meio pra baixo mesmo... Nem um pouco afim de me arrumar...
- Mas justo hoje? Que o bofe vai tá lá? Ne-ga-ti-vo, amiga! Você tem que ir, sim! Linda, gata e gostosíssima, do jeito que eu sempre vi!
- E cadê mesmo o teu bofe, hein amigo?
- Ah, mulher, ele não passa de águas passadas...
- O que aconteceu, amore?
- Ele me chifrou, colega. É isso aí. Com um bofe podre de feio, ridídulo! Mas enfim, fazer o quê né? Quem tem mal gosto que se vire com o azedo!
- Nossa, que ironia, eu também fui traída há pouco tempo...
- Aí é que vem o mundo pequeno, amiga! Ele tá com o teu ex, colega!
- Nossa, ele realmente tem mal gosto...
- Olha, amiga, eu nunca deixaria você ficar com aquilo ali, NE-VER! Próxima vez, pede minha opinião, tá? Vê se não faz besteirinha de novo, ok?
- Tá certo, amigo. Obrigada por ter ajeitado o meu visu.
- De nada, amiga. Cê tava precisando, viu?!

MarinaV.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Infinito


Tudo começou com uma simples sala de aula que - apesar de simples - era seu ambiente de convívio durante mais da metade do seu dia. Ela estava no fundamental ainda, 2º ou 3º ano. A professora, assim como os alunos, cansada de tarefas, resolveu passar, naqueles últimos dias de aula, um simples desenho. O tema era livre. E ela tinha lápis à vontade para pintar toda uma folha. E um tempo enorme para fazer aquilo... Iria ser um desenho longo, cheio de cores e vibrações.

Porém ela lembrou do colar da irmã. Aquele colar que ela achou no lixo. O colar da moda. Afinal de contas, quem ainda não tinha um colar com o símbolo do infinito? Todas as meninas tinham um para enfeitar o pescoço. Mas a irmã recusara aquele, ou melhor, usou-o por pouco tempo, pois quem havia lhe dado era o seu namorado, o qual ela tinha se separado justamente no dia daquele momento de arte do colégio. Ela tinha visto a irmã chorando antes de sair de casa, e viu também a irmã indo pro colégio enxugando cada lágrima, cada mágoa... Até que por fim, atirou o colar na primeira lixeira da escola.

Aquele colar tinha o símbolo do infinito. Sua mãe lhe explicara que o infinito era algo que não tinha fim, não tinha tamanho, não tinha dimensão. "E o que é infinito, mãe?", perguntou ela, quando sua mãe lhe disse que infinito era o amor que tinha por sua família, que infinito era o Universo. E então a menina agora sabia o que era infinito.

E ali, no papel branco, desenhou um fundo azul estrelado, com três caixas no meio, todas enlaçadas por um laço lindo e enorme, que deixava as três caixas juntas e inseparáveis, uma laço vermelho e forte. Acabou seu desenho antes que os outros alunos, pois não usou muitas cores. Usou apenas três cores, uma para cada caixa: azul, rosa e verde. E então, finalizando o seu quadro artístico, simplesmente parou e foi pegar uma revistinha em quadrinhos para ler.

Depois de algum tempo, quando a professora resolveu passar por cada aluno para ver como estava o andamento das obras de artes, parou em uma menininha ruiva, de cabelo cacheado, muito branquinha e dos olhos verdes, com as bochechas bem vermelhinhas, simplesmente lendo um gibi. E então seguiu-se um diálogo inesquecível e lindo, que ficará para sempre na memória daquela professora.

- Já terminou, minha linda?

Ela respondeu sem desgrudar os olhos da revistinha: - Sim.

- E eu posso ver o seu desenho?

- Pode, ele está aqui - E então ela entregou o papel do desenho, ainda focada no gibi.

A professora, depois de muito analisar o desenho, perguntou:

- E para quem são esses lindos presentes?

- Para todos nós - respondeu a menina, agora olhando para a professora.

- E eles couberam apenas nessas caixinhas?

- Na verdade, eles cabem dentro de cada um de nós...

- Como assim?

- Esses presentes são a esperança, que é a caixa verde, a paz, que é a caixa azul e a bondade, que é a caixa rosa. Todos eles têm que ser enlaçados com o amor, que é o laço vermelho, para terem a dimensão do infinito, que é o Universo, onde as três caixas foram colocadas.

- De onde você tirou toda essa ideia? - Perguntou a professora, intrigada com o que a menina tão nova lhe disse.

- Minha mãe me disse o que era o infinito. E aí eu fiz esse desenho. Esse laço vermelho, que representa o amor, tem a mesma forma do símbolo do infinito.

- E por que você desenhou isso?

- Porque eu quero mostrar esse desenho para a minha irmã. Explicar para ela que seu namorado não teve um amor infinito por ela. E que, por isso, ele deixou apenas a tristeza, a maldade e a raiva no coração dela. Mas ela ainda vai achar alguém que saiba amá-la infinitamente, alguém que plante nela a paz, a bondade e a esperança, para que assim ela ache o seu Universo.

MarinaV.

sábado, 23 de outubro de 2010

Unhas por fazer


Moça, que unhas são essas? Essas unhas que ainda não foram feitas, essas unhas por fazer... Com o esmalte "comido" e quebrado, trinchado como este seu lindo que rosto que agora parece chorar. Mas moça, por que choras? Por que não vais ao salão fazer tuas belas unhas, que estão grandes e bonitas, que definem esta tua mão tão feminina? Por que mesmo, moça?

Moça, não negues, você está abatida. Essas suas unhas atrasadas não negam que esta cor é antiga. Sua não preocupação com elas é preocupante. Você ignora seu orgulho e sua beleza, moça, para ficar abatida nessa cama, pensando nos problemas da vida. Mas moça, vamos ao salão. Vamos fazer estas belas unhas, pintá-las com a cor da volúpia, te iluminar e realçar esse teu tom claro de pele, com cores fortes e penetrantes.

Moça, pinta estas tuas unhas com aquele vermelho que tu tanto gostas. Com aquele vermelho bem forte e contrastante. Aquele vermelho que reveste teu pobre coração, que agora é quebrado como este esmalte velho que luta para permanecer nas tuas unhas. Vamos moça, levanta-te. Não se deixe abater com a vida. Só sobrevive quem aguenta a pancada mais forte. Reluz a tua beleza, moça. Vamos ao salão fazer as unhas.

Te levanta moça, ergue-te e vamos.