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sexta-feira, 9 de julho de 2010

Depressão




Ela é uma mulher sombria. Se pudesse ter cor, acho que não teria. Ela é a mistura de toda a beleza com toda a tristeza, de toda a indecisão com toda a emoção. E quando ela chega, ela toma e domina tudo.




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Meus olhos estão abertos. Me sinto caída ao chão, mas acho que estou deitada na cama. Não importa, nada mais importa. Queria chorar, mas minhas lágrimas esgotaram. Ela me esgotou. Não tenho motivações, não tenho razões, tenho pressa de perder o sopro vital. A vida... É dura e difícil para mim. Talvez nasci para isso. Para morrer com medo dos desafios.


Eu sinto ela. Ela é esta escuridão aqui, ao meu lado, que deita a minha cabeça nas suas pernas, que passa as suas mãos em meus cabelos, que parece me acalentar, mas que puxa para um precipício. Ela é este líquido sobre o qual eu me deito. Eu sinto ele, mas ele parece não molhar. Ele é preto, um preto escuro e sombrio, como se juntasse todo o mal em um frasco e o derramasse aqui. Ela é o ar que eu respiro. Este maldito ar pesado, que entra dando socos no peito, que dói de ser respirado.


Ela é cada lágrima que desce agora voluntariamente do meu rosto, sem ordens ou motivos. Ela é minha consciência insana, minha consciência que ela toma e domina, que ela controla e manipula sem muito esforço. E ela sussurra ao meu ouvido, me chama de fraca, me chama de perdedora, me chama de inútil, me chama de morta. E eu acredito.


Não sei se ela é boa ou ruim. Ela simplesmente existe e está aqui. Dentro de mim. Mas não consigo arrancá-la.




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Eu sou aquilo que você acha que quer ser. Sou todos os motivos do seu sofrer, e talvez todos os motivos do que você queria fazer. Não tenho motivos para chegar, mas posso ter para sair. Posso te acalentar, posso te fazer sentir-se melhor, basta você me deixar te seguir. Por um momento, infímo e distante, conseguirei te fazer feliz.


E esse momento dura apenas sua morte.




MarinaV.

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